O parisiense ainda voltava pra casa quando o presidente François Hollande veio a público decretar estado de emergência nessa sexta-feira, 13, por volta das 23h (horário local). A medida veio em resposta aos ataques terroristas que mataram pelo menos 120 pessoas em cinco pontos diferentes da cidade. Como efeito colateral, a circulação de transporte público foi alterada, não se via engarrafamento em avenidas e bulevares e poucas pessoas andavam pelas ruas — um clima de terror.
O vazio era maior nas proximidades da casa de show Bataclan, onde cerca de 1,5 mil pessoas assistiam à apresentação da banda Eagles of Death Metal quando foram surpreendidas por homens armados. O ataque durou quase três horas. O desfecho trágico veio após a meia-noite: mais de 80 pessoas foram mortas a tiros de metralhadora pelos terroristas.
Segundo anúncio oficial da polícia, um dos terroristas foi morto no confronto e três se mataram ao ativar bombas presas a cintura. “Estamos em guerra e você sabe muito bem contra quem”, disse Antoine, empresário que estava próximo a Bataclan no momento do ataque.
Nas horas a seguir, dezenas de viaturas e ambulâncias iam e voltavam pela rua que fora palco do maior massacre da noite. Os sobreviventes eram retirados em ônibus. A maioria estava coberta por capas térmicas de alumínio para suportar o frio. “Eu estou usando isso porque deixei tudo na Bataclan”, disse Gregoire, um dos sobreviventes que resolveu ir por conta própria para casa.
Esse era o objetivo de quem estava refugiado em bares, restaurantes, hotéis ou mesmo no trabalho. Era hora de buscar uma alternativa segura para chegar em casa. Sem transporte público, a solução era conseguir um táxi livre. “A gente ouviu tiros e foi se esconder na academia onde eu trabalho”, disse Emerique enquanto liberava uma das poucas bicicletas disponíveis na estação pública da Place de la République.
Localizada a poucos metros da casa de shows, a praça tinha acesso liberado pela polícia que reforçava o cerco da cena do crime a metros dali. Segundo testemunhas, o ataque começara ali mesmo. “Ouvimos tiros por volta das 22h, aí fechamos o restaurante e ficamos lá dentro por quase quatro horas”, disse o gerente de uma lanchonete fast-food que preferiu não se identificar.
Por volta das 5h, era raro ver alguém caminhando pela cidade. Quase 500 feridos eram atendidos nos hospitais de Paris, e entre os pontos de ataque, apenas na Bataclan algumas vítimas ainda eram atendidas. Poucas testemunhas acompanhavam o fim da noite de terror na região. “[Na hora do ataque] a gente se escondeu no bar de um amigo tunisiano”, disse Claire, uma das poucas testemunhas ao fim da noite de terror. “Nós ficamos todos juntos e não foi um momento triste: foi um momento de força.”
Matéria originalmente publicada no site da revista Época.