[PEGN] ‘Elon Musk está completamente errado sobre a inteligência artificial’, diz Eric Schmidt

Matéria originalmente publicada no site da Época Negócios como parte da cobertura da Viva Technology 2018, em maio de 2018.


Eric Schmidt é um dos maiores entusiastas da inteligência artificial no seleto rol de maiores CEOs do mundo. Sua fé na inovação mais badalada do momento é tamanha que ele se opõe com veemência a um de seus colegas de categoria. “Elon Musk está completamente errado sobre a inteligência artificial”, disse ele, durante um painel na Viva Technology, em Paris, França, nesta sexta (25/5).

“Elon está errado porque ele não entende que os benefícios dessa tecnologia podem tornar todos os seres humanos melhores”, disse ele. “Graças a inteligência artificial, poderemos ter melhores cidadãos, independentemente do nível de educação; poderemos viver mais tempo em um mundo com menos dor e menos doenças; poderemos ter sistemas sociais e econômicos mais fluidos; enfim, melhorar o ser humano é um benefício claro.”

Para o CEO da Alphabet (a holding que controla o Google), as preocupações de Musk se sustentam no uso indevido da inteligência artificial — algo que ele mesmo também tem em mente. “Mas o resultado geral é positivo”, disse. “Um exemplo seria o seguinte: você não inventa o celular porque ele será usado para fins impróprios, mas, na verdade, você inventa o celular e depois descobre uma maneira de bloquear o mau uso dele.”

Schmidt também usou um exemplo para rebater outra polêmica: a suposta (e temida) substituição de humanos por máquinas inteligentes. Ele comparou a inteligência artificial à computação. Restrita a um pequeno grupo nos anos 80, ela acabou criando novos postos de trabalho nos últimos anos. “A melhor maneira de fazer com que pessoas sejam produtivas é utilizar inteligência artificial”, afirmou ele.

Apesar do entusiasmo, Schmidt não vê máquinas inteligentes como a panaceia da humanidade. “Há uma tentação em pensar que inteligência artificial resolve tudo”, disse. “Mas estamos falando aqui de usar uma quantidade enorme de dados para produzir sistemas inteligentes que sejam usados por seres humanos.”

Soluções plausíveis nesse sentido, para ele, estariam no campo da medicina. A inteligência artificial poderia aconselhar profissionais de saúde ou mesmo encontrar cura para doenças como o câncer. “A maior parte das pequenas startups que trabalham com inteligência artificial estão na área médica”, disse ele. A razão por trás dessa escolha são os altos investimentos e a grande oferta de dados relevantes nessa área.

Questionado sobre a hegemonia de potências no uso e na pesquisa de inteligência artificial, Schmidt foi otimista. “Não acredito que essa tecnologia seja apenas de países ricos”, disse. Para ele, países com um ecossistemas de startup produtivo também podem se beneficiar do dessa tecnologia. Isso, é claro, com o apoio dos quatro grandes: China, Estados Unidos, Reino Unido e França.

O desenvolvimento global nessa área passaria, portanto, por companhias de ponta. “Temos plano de ceder essa tecnologia para outros países”, disse ele. “Hoje, toda startup que trabalha com inteligência artificial usa, em algum momento, o TensorFlow”. O software, desenvolvimento pelo setor de deep learning do Google, é uma ferramenta de código aberto para aprendizado de máquinas.

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