FELIPE MAIA

Journalist, ethnomusicologist, d.j.

I’m a Brazilian journalist and ethnomusicologist (anthropology + music + sound) based in Europe. In the past ten years, I’ve worked with a number of media outlets and led several projects crossing popular music and digital culture on topics like Latin American sounds, electronic-sonic technologies and Global South dialogs.
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[Época] Parisiense tenta retomar a vida depois da tragédia

Os dias seguintes aos ataques terroristas em Paris, que deixaram 129 mortos na sexta-feira (13), começaram sob o medo de novas tragédias e a sob a vigilância oficial, uma vez que o presidente François Hollande declarou estado de emergência em todo território francês. Em vez ficarem em suas casas, no entanto, muitos franceses saíram às ruas como em um dia normal.

– Eu não vi razão para ficar em casa – afirma Antonela, norte-americana que dá aulas de inglês em Paris. Assim como ela, ao menos 300 pessoas circulavam pela Place de la République na tarde de sábado (14). Muitas prestavam homenagens às vítimas deixando flores, velas e cartazes em volta da estátua Marianne — símbolo da república francesa.

Muitos parisienses não viram razão para ficar em casa.
Muitos parisienses não viram razão para ficar em casa.

Um grupo de grafiteiros pintou o lema da cidade em um muro de quase 30 metros da praça.

– Esta frase significa ‘flutua, mas nunca afunda’, que quer dizer que fomos atingidos, mas não derrotados – explica Emmanuel, um dos artistas responsáveis pelo mural.

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A algumas quadras dali, outra aglomeração ficava em frente ao cerco da casa de show Bataclan. Tal como em outros pontos onde ocorreram os ataques terroristas, havia um pequeno canteiro de homenagens.

– Eu nunca vivi algo assim. Dizem que é a primeira vez desde a segunda guerra mundial que a gente vê algo assim em Paris – disse David, jornalista francês.

Nos bairros ao norte da cidade, a meio do caminho entre a casa de show Bataclan e o Stade de France, o sábado se parecia com outros. Os imigrantes africanos e árabes que habitam a região pareciam não se submeter aos efeitos da noite anterior. O Mercado de Pulgas, conhecido ponto turístico, não abriu por falta de turistas.

Fim de semana posterior ao massacre (Foto: Felipe Maia)
Fim de semana posterior ao massacre.

Bairros centrais e outros locais mais conhecidos do imaginário popular também estavam vazios, como a Torre Eiffel e o Museu do Louvre.

– Estou triste porque essa é uma tragédia que pode acontecer a qualquer um – disse uma senhora que preferiu não se identificar. “Precisamos reagir, mas não sei como.”


Matéria originalmente publicada no site da revista Época.

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