FELIPE MAIA

Journalist, ethnomusicologist, d.j.

I’m a Brazilian journalist and ethnomusicologist (anthropology + music + sound) based in Europe. In the past ten years, I’ve worked with a number of media outlets and led several projects crossing popular music and digital culture on topics like Latin American sounds, electronic-sonic technologies and Global South dialogs.
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[Época] A primeira resposta aos ataques

O parisiense ainda voltava pra casa quando o presidente François Hollande veio a público decretar estado de emergência nessa sexta-feira, 13, por volta das 23h (horário local). A medida veio em resposta aos ataques terroristas que mataram pelo menos 120 pessoas em cinco pontos diferentes da cidade. Como efeito colateral, a circulação de transporte público foi alterada, não se via engarrafamento em avenidas e bulevares e poucas pessoas andavam pelas ruas — um clima de terror.

O vazio era maior nas proximidades da casa de show Bataclan, onde cerca de 1,5 mil pessoas assistiam à apresentação da banda Eagles of Death Metal quando foram surpreendidas por homens armados. O ataque durou quase três horas. O desfecho trágico veio após a meia-noite: mais de 80 pessoas foram mortas a tiros de metralhadora pelos terroristas.

Segundo anúncio oficial da polícia, um dos terroristas foi morto no confronto e três se mataram ao ativar bombas presas a cintura. “Estamos em guerra e você sabe muito bem contra quem”, disse Antoine, empresário que estava próximo a Bataclan no momento do ataque.

Nas horas a seguir, dezenas de viaturas e ambulâncias iam e voltavam pela rua que fora palco do maior massacre da noite. Os sobreviventes eram retirados em ônibus. A maioria estava coberta por capas térmicas de alumínio para suportar o frio. “Eu estou usando isso porque deixei tudo na Bataclan”, disse Gregoire, um dos sobreviventes que resolveu ir por conta própria para casa.

Por volta das 5h, era raro ver alguém caminhando pela cidade.
Por volta das 5h, era raro ver alguém caminhando pela cidade.

Esse era o objetivo de quem estava refugiado em bares, restaurantes, hotéis ou mesmo no trabalho. Era hora de buscar uma alternativa segura para chegar em casa. Sem transporte público, a solução era conseguir um táxi livre. “A gente ouviu tiros e foi se esconder na academia onde eu trabalho”, disse Emerique enquanto liberava uma das poucas bicicletas disponíveis na estação pública da Place de la République.

Localizada a poucos metros da casa de shows, a praça tinha acesso liberado pela polícia que reforçava o cerco da cena do crime a metros dali. Segundo testemunhas, o ataque começara ali mesmo. “Ouvimos tiros por volta das 22h, aí fechamos o restaurante e ficamos lá dentro por quase quatro horas”, disse o gerente de uma lanchonete fast-food que preferiu não se identificar.

Por volta das 5h, era raro ver alguém caminhando pela cidade. Quase 500 feridos eram atendidos nos hospitais de Paris, e entre os pontos de ataque, apenas na Bataclan algumas vítimas ainda eram atendidas. Poucas testemunhas acompanhavam o fim da noite de terror na região. “[Na hora do ataque] a gente se escondeu no bar de um amigo tunisiano”, disse Claire, uma das poucas testemunhas ao fim da noite de terror. “Nós ficamos todos juntos e não foi um momento triste: foi um momento de força.”

Dezenas de viaturas nas ruas da capital
Dezenas de viaturas nas ruas da capital.

Matéria originalmente publicada no site da revista Época.

FELIPE MAIA

felipemf [at] gmail [dot] com

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